domingo, 25 de março de 2012

Bipous Burn!

INTERNA – QUARTO DO BIPO
Bipo acorda, abre os olhos – olha para um lado, olha para o outro. Fecha os olhos. Tenta voltar a dormir. Uma tela negra toma sua visão. Abre os olhos – olha para cima e para baixo. Uma tela branca toma sua visão.

BIPO (OFF) – fala em tom sombrio e pausadamente
Abro os olhos e não vejo nada....



Continua de olhos fechados enquanto vai se espreguiçando até se esticar incrivelmente, se estica mais, se estica tanto que se contorce e suas mãos e pés se transformam em garras que crescem para fora do colchão. Coloca os pés no chão (pés e mãos voltam ao tamanho anterior), acende um cigarro, pega um copo de café frio, toma um gole e senta em sua mesa. Abre seu diário, pega uma caneta e começa a escrever.



BIPO (OFF) – MÚSICA DE PIANO AO FUNDO – CHOPIN?

Quarta-feira, 21 de março de 2032

Mais um dia nesse mundinho asqueroso e ordinário.

Os humanos foram absorvidos pela lógica da produção industrial e se transformaram em produtos estúpidos.

Fraude em hospitais.

Mendigos famintos no zoológico urbano se alimentam de suas próprias peles.
Os fantasmas devem estar se divertindo.
Seria tudo isso um grande espetáculo?
Estamos em pleno século 21, uma época cheia de máquinas e automatismos.
Já não há mais quase ninguém com vontade própria.

Vazamento de gás no centro da cidade interditam o trânsito.

Vazamento de óleo rompe a estrutura geológica em alto mar.

Não, não vamos parar...





INTERNA – QUARTO DA BÁRBARA – MÚSICA CONTINUA

Bárbara está sentada no piano e continua tocando a música que ia ao fundo do discurso matinal diário de Bipo. Está compenetrada e enquanto toca seu queixo encosta em seu peito escondendo assim o pelo saliente. É vaidosa e perfeccionista. Enquanto continua tocando se perde nas notas e uma cena de sua infância emerge na tela.



Em seus pensamentos (cena memória envelhecida) seu pai está na sala de sua casa de infância onde continua contando o piano. Ele levanta da cadeira, como um fantasma e sai voando, mas o piano continua tocando sozinho... A música termina.



Corte para os olhos de Bárbara que estão fechados. Ela termina delicadamente a música e abre os olhos. Se levanta do piano e vai caminhando para a porta do quarto – close em seu rosto. Agora vemos que ela é barbada. Olha para o sol.





EXTERNA – SOL

Lá fora o sol faz uma estranha paisagem matinal (ver cenários). É sol mas parece noite. Melancolia. É um ambiente futuro onde há uma atmosfera de destruição causada pelos humanos ao longo de sua estadia catastrófica, principalmente nos últimos 20 anos, neste planeta.



De fronte ao sol está sentado Zé, em posição de lótus fazendo sua meditação matinal. Vemos apenas sua sombra de costas sentado. Silêncio completo.



Como mágica, câmera (?) se aproxima até chegar perto de Zé. Close em seu rosto (olhos fechados) há um terceiro olho. Entra-se para o pensamento de Zé que se se sente e se vê como um deus hindu Shiva e seus mil olhos e mil braços se movimentando com cruel face em luz completa no meio do céu. Toca-se um sino.

OFF/SONORA

Plim, Plim, Plim
(são sinos budistas ou um alerta de incêndio?)



BIPO

Se o circo pegar fogo, salvaremos o fogo!


BIPO RISCA O FÓSFORO...

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